quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SER PAI... - by PAULINA NCOR


 Ser Pai...
Ser pai é acima de tudo, não esperar recompensas.
Mas ficar feliz caso e quando cheguem.
É saber fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão.
É aprender a tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância
(mas compreensão) com os próprios erros.
Ser pai é aprender errando,
À hora de falar e de calar.
É contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para depois.
Mas jamais falar no momento preciso.
É ter a coragem de ir adiante, tanto para a vida quanto para a morte.
É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho,
Fazendo-se forte em nome dele e de tudo o que terá de viver para compreender e enfrentar.
Ser pai é aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez.
É esperar.
É saber que experiência só adianta para quem a tem,
e só se tem vivendo.
Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, buscando protegê-los sem que percebam,
Para que consigam descobrir os próprios caminhos.
Ser pai é saber e calar.
Fazer e guardar.
Dizer e não insistir.
Falar e dizer.
Dosar e controlar-se. Dirigir sem demonstrar.
É ver dor, sofrimento, vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe corrói.
Ser pai é ser bom sem ser fraco.
É jamais transferir aos filhos a quota de sua imperfeição,
O seu lado fraco,
Desvalido e órfão.
Ser pai é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar.
É compreender sem demonstrar, e esperar o tempo de colher,
Ainda que não seja em vida.
Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão.
Mas ir às lágrimas quando chegam.
Ser pai é saber ir-se apagando na medida em que mais nítido se faz na personalidade do filho, sempre como influência,
Jamais como imposição.
É saber ser herói na infância,
Exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho.
É saber brincar e zangar-se.
É formar sem modelar,
Ajudar sem cobrar,
Ensinar sem o demonstrar,
Sofrer sem contagiar,
Amar sem receber.
Ser pai é saber receber raiva, incompreensão,
Antagonismo,
Atraso mental, inveja, projeção de sentimentos negativos,
Ódios passageiros, revolta,
Desilusão e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender;
De insistir sem mediação,
Certeza,
Porto,
Balanço,
Arrimo, ponte,
Mão que abre a gaiola,
Amor que não prende fundamento,
Enigma, pacificação.
Ser pai é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio.
O máximo de convivência no máximo de solidão.
É, enfim,
Colher a vitória exatamente quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele,
Não necessita para viver.
É quem se anula na obra que realizou e sorri sereno,
Por tudo haver feito para deixar de ser importante.

Um comentário:

Mãos em Poesias aos Ventos... disse...

Tal pai,tal filha...O pai aprende com a fliha e vice versa...